quarta-feira, 28 de maio de 2008

Definição e Distinção de Recursos Minerais

Recursos Minerais: bens existentes no estado natural que o Homem utiliza para seu proveito, em diversas actividades;

Recursos Minerais Não-metálicos: foram os primeiros a serem utilizados pelo Homem. Consideram-se recursos minerais não-metálicos, materiais como cascalhos, areias e rochas. São minerais abundantes (excepto as pedras preciosas).

Recursos Minerais Metálicos: Os elementos químicos, como ferro, cobre, prata ou ouro, encontram-se distribuídos na crosta terrestre, fazendo parte da constituição de vários materiais em associações diversas com outros elementos.

  • Chama-se clarke à concentração média de um determinado elemento químico na crosta terrestre (exprime-se em partes por milhão ou gramas por tonelada) ;

  • Um jazigo mineral é um local no qual um determinado elemento químico existe numa concentração muito superior ao seu clarke:

  • Num jazigo mineral, chama-se minério ao material que é aproveitável, e que tem interesse económico, e ganga ou estéril ao material sem valor económico (que está associado ao minério).

  • A ganga é, geralmente, acumulada em escombreiras, que são depósitos superficiais junto às explorações minerais. (Estas, as escombreiras, aumentam o risco de deslocamento de terreno e podem conter substâncias tóxicas que poluem o solo e a água.)

História da Evolução da Utilização dos Recursos

Devido à sua abundância, os recursos minerais não metálicos são muito fáceis de encontrar, e foram por isso os primeiros a ser utilizados. Nos períodos do Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada) e do Neolítico (ou Idade da Pedra Polida) as comunidades hominídeas eram caçadoras-recolectoras, pelo que necessitavam de instrumentos para a caça e para a sua actividade agrícola. Surgiram então os arpões e as flechas, usando diferentes tipos de pedra. Na Revolução Agrícola começou-se a utilizar as argilas para o fabrico de reservatórios de alimentos que eram também utilizados na cozedura dos mesmos. Mais tarde serviram também como molde para o fabrico de utensílios em cobre, ferro e outros minerais metálicos.

A utilização dos recursos minerais metálicos remota às épocas compreendidas entre os anos 6500-5000 a.C., no Médio Oriente, espalhando-se na Europa por volta de 3500 a.C. Começou-se por trabalhar o ouro, o cobre e a prata, só depois o ferro que constituiu uma descoberta fundamental. Com efeito, a maior robustez e resistência das armas em ferro determinavam a superioridade das populações que as usavam. Além disso, os utensílios de madeira e de pedra começaram a ser substituídos por completo.

Deste modo intensificava-se a procura dos minerais, começando a existir minas a céu aberto, muito primitivas. Consistiam na abertura de galerias muito baixas com instrumentos de chifre.

A produção de utensílios e adornos em minerais metálicos tornou-se cada vez mais comum até que, na Antiguidade Clássica, os Gregos começaram a privilegiar a pedra talhada. Até ao século VII a.C. as construções eram em madeira, tijolos secos e pedra bruta, sendo que a partir desta data começaram a ser trabalhados sobretudo o calcário e o mármore.

Apesar da exploração dos recursos minerais metálicos ter sido muito desenvolvida pelos Gregos e Romanos, foi no século XVIII, considerado o Século das Luzes, que houve uma grande intensificação na procura deste tipo de recursos. Com a descoberta da máquina a vapor de James Wat, rapidamente se aplicaram os seus princípios à agricultura e à manufactura. Foi então que se deu a Revolução Industrial, que veio substituir radicalmente as oficinas privadas e as pequenas manufacturas industriais, irrompendo novas indústrias onde o operariado desenvolvia um trabalho repetitivo e monótono usando maquinarias nunca antes conhecidas.

As inovações que caracterizam a Revolução Industrial ligavam-se estreitamente entre si num ciclo contínuo: o aperfeiçoamento das técnicas extractivas favorecia, por exemplo, o desenvolvimento da indústria siderúrgica que, por sua vez, produzia as máquinas usadas nas minas.

Para contribuir neste desenvolvimento abrupto da utilização dos metais, surge, na metade do século XIX, a indústria do aço, pela família Krupp. Começando por explorar o ferro, dedicaram-se rapidamente à produção do aço, construindo um conversor inventado por Bessemer, com o objectivo de extrair o aço do ferro fundido. Graças à sua maior robustez, o aço depressa substituiu o ferro na construção de edifícios e na construção de peças de artilharia e de carris.

Os recursos minerais metálicos continuam, ainda na actualidade, por razões socioeconómicas, culturais a ser muito procurados. A sua utilização em projectos arquitectónicos e industriais também contribuem muito para a procura deste tipo de minerais.

Métodos Exploratórios dos Recursos Minerais

Para a localização de um afloramento, podem ser utilizados os seguintes métodos geofísicos:

1) Método Magnético, que utiliza a bússola para localizar e delimitar as zonas de depósitos ferrosos que modifiquem a força do campo magnético da terra.

2) Método autopotencial, que aproveita do mineral produtor uma corrente que lhe fornece um potencial eléctrico diferente do da porção de terra que o rodeia.

3) Método de gravitação, baseado nas variações locais do campo de gravidade pelas diferentes densidades dos materiais.

4) Método sísmico, que consiste em provocar uma explosão subterrânea para medir o tempo que gasta a onda sísmica no seu trajecto, de modo a apreender as características dos materiais circundantes.

Posteriormente ao estudo dos locais, procede-se ao traçado, isto é, inicia-se as operações para se fazerem aberturas num jazigo já estudado, através de ferramentas perfuratórias, ou até retirar-se a cobertura de um filão que se vai explorar desde a superfície.

As minas são o método de exploração geológica mais comum, podendo classificar-se em minas a céu aberto ou minas subterrâneas.

Minas a céu aberto

Neste tipo de minas podem-se utilizar os seguintes processos de extracção mineralógica:

1) Escavação em galerias simples: se o jazigo está numa encosta, procede-se apenas à formação de galerias simples.

2) Escavação em degraus: extrai-se o mineral pela parte superior, usando técnicas de terraplanagem, numa série de cortes paralelos feitos à largura dos degraus. Ao deixar um corte coloca-se uma camada de sedimentos para preenchimento da perfuração.

Minas subterrâneas

Na extracção de minerais cobertos por uma camada considerável de camadas de terra, opta-se por escavações por subníveis, nas quais se divide o bloco mineral existente entre dois níveis numa série de maciços horizontais. Podem-se escolher entre as seguintes técnicas de escavação:

1)Escavação em largura e pilar: consiste em suster o tecto de uma sequência estratigráfica com pilares de tamanho uniforme colocados em intervalos regulares.

2)Escavação por poços-cobertura (ou escavação por câmaras descendentes): consiste em desmontar o material numa série de bancos que assentam na chaminé principal (também denominada poço interior) que facilitam a ventilação e o trabalho.

Aplicações dos Recursos Minerais

As rochas utilizadas na construção são um bom exemplo de um recurso mineral com importância económica em Portugal. As rochas consolidadas, deverão ter as seguintes características ( características desejáveis quer para a construção quer para ornamentação):

· Resistência ao desgaste por abrasão;

· Uma dureza que permita trabalhá-la;

· Baixa porosidade, mas com uma boa capacidade de impermeabilização;

· Baixo teor ou ausência de minerais alterados ou alteráveis;

· Baixa condutividade térmica;

Os usos mais tradicionais dos recursos minerais não-metálicos estão na construção civil, como por exemplo, as areias, argilas e calcários.

Exemplos de Rochas e Principais Aplicações/Utilizações:

Rochas Aplicações/Utilizações

Calcário (rocha sedimentar, recurso mineral não-metálico)

Construção, estátuas, produção de cimento , revestimentos;

Areias (rocha sedimentar, recurso mineral não-metálico)

Construção civil, produção de vidro, cerâmica;

Argilas (rocha sedimentar, recurso mineral não-metálico)

Indústria cerâmica, indústria do papel, produção de cimento;

Fosfatos, nitratos, potássio e enxofre

Fertilizantes agrícolas;

Halite

Conservação de alimentos, segurança em estradas com neve, fabrico de ácido hidroclorídrico e de produtos à base de sódio, como sabões;

Pedras preciosas (diamante, rubis, safiras, etc.)

Joalharia;

Mármore (rocha metamórfica)

Revestimento interno, arte;

Granito (rocha magmática)

Construção, revestimento e pavimentação;

Basalto (rocha magmática)

Pavimentação e construção;

Xisto (rocha metamórfica)

Construção;

Consequências Ambientais da Extracção Mineira

Os processos e os métodos utilizados nas explorações mineiras na maior parte vezes não são os mais adequados, falta de técnica e de instrução aliada à incapacidade de resposta por parte das autoridades competentes permitem que estes métodos, já por si extremamente poluentes e prejudiciais, não sejam rigorosamente controlados e condicionados, de modo a minimizarem os seus impactos na Natureza e no Homem.

· Degradação da paisagem

. Focos de erosão

Desgaste das rochas ou do solo que se manifesta em função de vários factores como topografia, vegetação, tipo de rocha, clima ou intervenção humana.

A extracção mineral em minas a céu aberto provoca a remoção da cobertura vegetal da área envolvente e obriga a cortes topográficos geralmente realizados sem nenhuma técnica e rigor, permitindo que uma vez exauridas e posteriormente abandonadas, estas minas apresentem um elevado grau de risco geológico devido à exposição aos factores climáticos e à sua consequente erosão.

. Movimentos em massa

Quando os depósitos de detritos ficam muito volumosos, tornam-se, por si mesmos, instáveis e sujeitos a deslizamentos e derrocadas. Em períodos de precipitação elevada este problema agrava-se. A repetição contínua do processo provoca a remoção de grandes quantidades de material.

. Assoreamento de vales e cursos de água

O material removido e transportado das zonas mineiras, encontra-se normalmente em zonas de altitude maior que a do nível do mar. Portanto quando há movimentos em massa, a tendência é o transporte de detritos dar-se num sentido contínuo até regiões mais baixas, onde em muitos casos se encontram cursos de água. A acumulação destes detritos origina gradativamente o assoreamento desses cursos. Afectando a sua navegabilidade e o seu leito normal.

. Poluição visual

É o primeiro efeito visível da mineração ao meio ambiente. Grandes crateras e lagos, paredões e áreas devastadas são alguns produtos desta mineração, que impedem em muitos casos a sua posterior recuperação.


Soluções

. Planear previamente as zonas de extracção e investir na execução rigorosa dos cortes dos taludes, adequados a topografia local;

. Estudos sobre os possíveis impactos ambientais e suas soluções;

. Reflorestação das áreas já exauridas;

. Armazenamento e/ou posterior utilização da ganga e dos estéreis provenientes da extracção do minério;

. Tanques de decantação que retenham os sedimentos finos preservando a hidrografia local;

. Propostas de projectos de recuperação nas zonas de exploração já abandonadas.

· Disposição de Rejeito e Estéril

A disposição final de rejeito não constitui um problema sério, quando destinados aos trabalhos de recuperação das áreas. Porém, durante a extracção deve lhes ser dado um cuidado especial de modo a que estes não sejam lançados no sistema de drenagem.

A construção de tanques de decantação de finos, a título de exemplo, as areias e argilas, é uma das soluções permitindo igualmente o reaproveitamento da água. No caso de sedimentos de maiores dimensões, o armazenamento ou a utilização na recuperação paisagística apresentam-se como a melhor solução.

· Contaminação das águas

A contaminação das águas é um grave problema ambiental e de saúde pública.

Pode dar-se de duas maneiras e em geral em minas de extracção de minérios metálicos:

. Através dos movimentos em massa, como vimos em cima, que transportam os detritos provenientes da exploração mineira e que iram contaminar os cursos de água superficiais.

. A infiltração da água em terrenos permeáveis, devido à extracção e à remoção da camada impermeável, que iram conduzir os minerais até aos lençóis freáticos contaminando-os.

A contaminação destas reservas de água irá afectar todo o ecossistema evolvente e por vezes o sistema de abastecimento de água das povoações circundantes, tendo consequências gravíssimas para a saúde do ser humano (cancros, tumores, etc.).

É portanto premente controlar e submeter estes tipos de exploração a rigorosos critérios de avaliação e de controlo.

· Recuperação

De acordo com a s características da área a ser reabilitada e do destino do uso do solo determinado pelo planeamento, é possível estabelecer algumas opções para recuperação. Basicamente, as alternativas para projectos de recuperação são os seguintes:

. Rearranjo da área para loteamentos urbanos;

. Aproveitamento da área para implantação de projectos industriais;

. Aterro simples para desenvolvimento de actividades agrícolas;

. Utilização das caves resultantes da exploração para depósito de rejeito sólido e aterros sanitários;

. Projectos destinados ao lazer: área verde, recintos desportivos, lagos, anfiteatros, etc.

O facto de não existirem duas jazidas iguais implica a impossibilidade de soluções padronizadas. Cada caso deve ser criteriosamente estudado, considerando todos os parâmetros envolvidos.

O Futuro dos Recursos Minerais

O progresso dos povos sempre foi e, apesar das previsíveis mutações, por certo continuará a ser fortemente dependente da utilização dos recursos geológicos. Portugal reúne condições naturais relativamente favoráveis para encarar o futuro com tranquilidade e esperança, desde que se verifique criteriosa e racional a exploração e valorização dos recursos conhecidos, e se criem os meios e envidem os esforços necessários para traduzir a real potencialidade de ampliação da Base de Recursos em efectivas descobertas em terra e no mar...

Certamente irá haver uma grande reviravolta na maneira como exploramos e esbanjamos os recursos minerais, já estamos a chegar à conclusão que eles não são inesgotáveis e que o nosso estilo de vida não é compatível nem sustentável. Começamos a sentir na pele esse retrocesso como por exemplo no aumento dos combustíveis.

Minerais como o Urânio, do qual possuímos grandes jazidas, iram ganhar especial destaque na produção de energia pois as necessidades energéticas são cada vez maiores e o potencial deste tipo de minerais é enorme.

O futuro estará certamente na utilização racional dos recursos minerais, com uma crescente preocupação com o ambiente e com o equilíbrio e harmonia entre o Homem e a Natureza.